quinta-feira, 14 de abril de 2011

Um texto fantástico de Caio Fábio

Um convite à Doce Revolução... Vem e vê!

Artigo 1 – Fica decretado que agora não há mais nenhuma condenação para quem está em Jesus, pois, o Espírito da Vida em Cristo, livra o homem de toda culpa para sempre.

Artigo 2 – Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive os Sábados e Domingos, carregam consigo o amanhecer do Dia Chamado Hoje, por isso qualquer homem terá sempre mais valor que as obrigações de qualquer religião.

Artigo 3 – Fica decretado que a partir deste momento haverá videiras, e que seus vinhos podem ser bebidos; olivais, e que com seus azeites todos podem ser ungidos; mangueiras e mangas de todos os tipos, e que com elas todo homem pode se lambuzar.

Parágrafo do Momento: Todas as flores serão de esperança; pois que todas as cores, inclusive o preto, serão cores de esperança ante o olhar de quem souber apreciar. Nenhuma cor simbolizará mais o bem ou o mal, mas apenas seu próprio tom, pois, o que daí passar estará sempre no olhar de quem vê.

Artigo 4 – Fica decretado que o homem não julgará mais o homem, e que cada um respeitará seu próximo como o Rio Negro respeita suas diferenças com o Solimões, visto que com ele se encontra para correrem juntos o mesmo curso até o encontro com o Mar.

Parágrafo que nada pára: O homem dará liberdade ao homem assim como a águia dá liberdade para seu filhote voar.

Artigo 5 – Fica decretado que os homens estão livres e que nunca mais nenhum homem será diferente de outro homem por causa de qualquer Causa. Todas as mordaças serão transformadas em ataduras para que sejam curadas as feridas provocadas pela tirania do silencio. A alegria do homem será o prazer de ser quem é para Aquele que o fez, e para todo aquele que encontre em seu caminhar.

Artigo 6 – Fica ordenado, por mais tempo que o tempo possa medir, que todos os povos da Terra serão um só povo, e que todos trarão as oferendas da Gratidão para a Praça da Nova Jerusalém.

Artigo 7 – Pelas virtudes da Cruz fica estabelecido que mesmo o mais injusto dos homens que se arrependa de seus maus caminhos, terá acesso à Arvore da Vida, por suas folhas será curado, e dela se alimentará por toda a eternidade.

Artigo 8 – Está decretado que pela força da Ressurreição nunca mais nenhum homem apresentará a Deus a culpa de outro homem, rogando com ódio as bênçãos da maldição. Pois todo escrito de dívidas que havia contra o homem foi rasgado, e assustados para sempre ficaram os acusadores da maldade.

Parágrafo único: Cada um aprenderá a cuidar em paz de seu próprio coração.

Artigo 9 – Fica permanentemente esclarecido, com a Luz do Sol da Justiça, que somente Deus sabe o que se passa na alma de um homem. Portanto, cada consciência saiba de si mesma diante de Deus, pois para sempre todas as coisas são lícitas, e a sabedoria será sempre saber o que convém.

Artigo 10 – Fica avisado ao mundo que os únicos trajes que vestem bem o homem diante de Deus não são feitos com pano, mas com Sangue; e que os que se vestem com as Roupas do Sangue estão cobertos mesmo quando andam nus.

Parágrafo certo: A única nudez que será castigada será a da presunção daquele que se pensa por si mesmo vestido.

Artigo 11 – Fica para sempre discernido como verdade que nada é belo sem amor, e que o olhar de quem não ama jamais enxergará qualquer beleza em nenhum lugar, nem mesmo no Paraíso ou no fundo do Mar.

Artigo 12 – Está permanentemente decretado o convívio entre todos os seres, por isso, nada é feio, nem mesmo fazer amizades com gorilas ou chamar de minha amiga a sucuri dos igapós. Até a “comigo ninguém pode” está liberta para ser somente a bela planta que é.

Parágrafo da vida: Uma única coisa está para sempre proibida: tentar ser quem não se é.

Artigo 13 – Fica ordenado que nunca mais se oferecerá nenhuma Graça em troca de nada, e que o dinheiro perderá qualquer importância nos cultos do homem. Os gasofilácios se transformarão em baús de boas recordações; e todo dinheiro em circulação será passado com tanta leveza e bondade que a mão esquerda não ficará sabendo o que a direita fez com ele.

Artigo 14 – Fica estabelecido que todo aquele que mentir em nome de Deus vomitará suas próprias mentiras, e delas se alimentará como o camelo, até que decida apenas glorificar a Deus com a verdade do coração.

Artigo 15 – Nunca mais ninguém usará a frase “Deus pensa”, pois, de uma vez e para sempre, está estabelecido que o homem não sabe o que Deus pensa.

Artigo 16 – Estabelecido está que a Palavra de Deus não pode ser nem comprada e nem vendida, pois cada um aprenderá que a Palavra é livre como o Vento e poderosa como o Mar.

Artigo 17 – Permite-se para sempre que onde quer que dois ou três invoquem o Nome em harmonia, nesse lugar nasça uma Catedral, mesmo que esteja coberta pelas folhas de um bananal.

Artigo 18 – Fica proibido o uso do Nome de Jesus por qualquer homem que o faça para exercer poder sobre seu próximo; e que melhor que a insinceridade é o silencio. Daqui para frente nenhum homem dirá “o Senhor me falou para dizer isto a ti”, pois, Deus mesmo falará à consciência de cada um. Todos os homens e mulheres que crêem serão iguais, e ninguém jamais demandará do próximo submissão, mas apenas reconhecerá o seu direito de livremente ser e amar.

Artigo 19 – Fica permitido o delírio dos profetas e todas as utopias estão agora instituídas como a mais pura realidade.

Artigo 20 – Amém!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Discordar, sim. Desrespeitar , jamais.

Todos nós sabemos o quão comum é encontrarmos, e até convivermos, com pessoas que tenham um pensamento completamente diferente do nosso. Quando assumimos abertamente uma opção religiosa, filosófica, ideológica ou política tal fato passa a ser ainda mais corriqueiro. Quem se assume precisa estar disposto e disponível para o debate. A razão é muito simples: sempre haverá pessoas discordando das nossas opiniões e, às vezes, prontas para comprovar o quão equivocados estamos.
Porém nunca devemos confundir "discordância" com "depreciação" ou "falta de respeito".
Como evangélico que sou, tenho ficado abismado com algumas críticas desferidas por alguns líderes contra um pastor, em especial. A razão? Não pretendo discutir. Estou ciente da minha falta de gabarito para tanto. Não tenho "cacife" teológico suficiente para entrar nessa "disputa". Pouco tenho a contribuir com assuntos do tipo "Teologia Relacional" ou "Teologia do Processo ou Neoclássica". Definitivamente não sou um especialista em Teologia do século XX.
Mas sei que pensar fora do "molde" incomoda. São poucos os que aceitam alguém que resolve questionar aquilo no qual a séculos se acredita. O que para a maioria é pretensão, para poucos se trata de coragem e ousadia. "It's life".
Portanto quero esboçar minha opinião sobre uma crítica que ouvi a poucos dias via "youtube" contra o pastor Ricardo Gondim. Um líder que tenho aprendido a respeitar, mesmo não aceitando tudo que diz.
Em primeiro lugar, penso que tudo isso em nada engrandece o Reino de Deus, nem muito menos reflete a verdadeira essência do Evangelho. Não consigo enxergar Cristo onde exista desrespeito, ofensa, injúria ou termos ultrajantes endereçados a homens de Deus. Nenhum disparate teológico, por mais "heterodoxo" que pareça ser, justifica chamarmos alguém de "bundão" ou coisa parecida, principalmente se se trata de alguém com anos de ministério e serviço à causa do Reino.
Evidente, a crítica, o debate, o pensar diferente é nobre. É a reafirmação da imagem de Deus em nós, da nossa liberdade de pensar. Mas entendo que tais coisas só edificam quando se restringem ao campo das idéias. Quando avança para o lado pessoal a coisa tende a sair do controle. O resultado quase sempre são cismas, divisões e muita confusão na mente daqueles que simplesmente optaram por seguir os passos do carpinteiro de Nazaré.
Então, ainda que a crítica tenha partido de alguém que muito admito, reprovo veementemente esse tipo de postura. Não creio que a melhor maneira de enaltecermos a verdade seja denegrindo a imagem daqueles de quem discordamos.

sábado, 2 de abril de 2011

E a precipitação?

Há uma frase muito recorrente em sites de citações que diz que "a paciência é a chave da alegria; a precipitação, a do arrependimento". Eis uma grande verdade. A precipitação é, indubitavelmente, um grande problema.
Mas o que vem a ser precipitação?
Há muitas maneiras de definirmos um termo. Talvez uma das mais apreciadas, sobretudo pelo afeitos à leitura, seja através de citações dos "monstros sagrados" da literatura. Machado de Assis disse... Como Rui Barbosa definiu... Fernando Pessoa declinou sobre dizendo que...Sem dúvida seria interessantíssimo ouvir o que disseram - se é que disseram algo a respeito - sobre o ser precipitado. Todavia, diante de assuntos da mais alta relevância, como julgo ser esse, prefiro ouvir primeiro o que o Texto Sagrado tem a dizer. Os demais livros podem prestar uma valiosa contribuição, mas somente as Escrituras podem pontificar. É a bússola mais segura.
E há um texto bastante curto, mas que muito diz sobre o tópico "precipitação".
"Não é bom proceder sem refletir, e peca quem é precipitado” (Provérbios 19.2).
O texto, pois, elenca uma importante idéia: a precipitação como irmã "siamêsa" da ação irrefletida. Que sabedoria do Texto Sagrado!
Precipitar-se é agir pelo impulso, decidir pensando unicamente no lucro imediato, no prazer emergente, numa satisfação que urge ser atendida.
Sabe, porém, qual é o maior pecado de quem age precipitadamente? Deliberar, decidir sem se dar conta das conseqüências que tais decisões podem acarretar. Nossas decisões são sementes que plantamos no decorrer da vida cuja semeadura é certa.
Quantos não estão hoje colhendo os amargos frutos de decisões precipitadas, completamente descabidas, mas que no momento pareciam ser a melhor opção? Um casamento gerado a partir de uma gravidez indesejada; Um emprego abdicado por uma oportunidade que nunca veio; o sexo casual em troca da harmonia no casamento e no lar? E agora? Nada mais pode ser feito. Apenas "re-dizer" o doloroso chavão "se arrependimento matasse..."
Devemos ter muito cuidado na hora em que precisarmos determinar uma rota. Pode ser a "via" de acesso para uma catástrofe irremediável. Inelutavelmente tudo dependerá do teu bom senso ou da tua precipitação.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Alguns "devaneios" de Lya Luft

Folheando uma revista Veja - só Deus sabe onde e quando - pude conhecer os textos dessa fantástica escritora chamada Lya Luft. Posto aqui um texto de sua autoria que revela a perícia com a qual escreve e que também nos mostra o quão arguto é o seu pensar.

"Por isso escrevo e escreverei: para instigar o meu
leitor imaginário -substituto dos amigos imaginários da infância? – a buscar em si e compartir comigo tantas inquietações quanto ao que estamos fazendo com o tempo que nos é dado. Pois viver deveria ser – até o último pensamento e o derradeiro olhar - transformar-se. O que escrevo aqui não são simples devaneios. Sou uma mulher do meu tempo, e dele quero dar testemunho do jeito que posso: soltando minhas fantasias ou escrevendo sobre dor e perplexidade, contradição e grandeza; sobre doença e morte. Lamentando a palavra na hora errada e o silêncio na hora em que teria sido melhor falar. Escrevo continuamente sobre sermos responsáveis e inocentes em relação ao que nos acontece. Somos autores de boa parte de nossas escolhas e omissões, audácia ou acomodação, nossa esperança e fraternidade ou nossa desconfiança. Sobretudo, devemos resolver como empregamos e saboreamos nosso tempo, que é afinal sempre o tempo presente. Mas somos inocentes das fatalidades e dos acasos brutais que nos roubam amores, pessoas, saúde, emprego, segurança, ideais. De modo que minha perspectiva do ser humano, de mim mesma, é tão contraditória quanto, instigantemente, somos.
Somos transição, somos processo. E isso nos perturba. O fluxo de dias e anos, décadas, serve para crescer e acumular, não só perder e limitar. Dessa perspectiva nos tornaremos senhores, não servos. Pessoas, não pequenos animais atordoados que correm sem saber ao certo por quê."

Todo pastor é pregador?

Afinal de contas, todo pastor é, por definição, um pregador por excelência?
Respondo que não. Desejo justificar minha resposta.
Para chegar a essa conclusão parto do pressuposto de que Deus dispensa dons sem olhar a quem. Acredito piamente que os dons, concedidos pelo Criador para que o sirvamos melhor, não são entregues por merecimento.
Também entendo que esses mesmos dons não são fornecidos de modo seletivo. Talvez possa ser mais claro. Por exemplo: “Quem tem o dom de cantar também leva junto o dom de tocar”; “quem é intercessor também é profeta”; “quem é pastor, obrigatoriamente, também é pregador”. Definitivamente não é assim que vejo os dons.
Creio que possa sim haver casos onde se tenha a figura do pastor, homem ou mulher, inquestionavelmente dotado de uma aptidão especial para cuidar e aconselhar, mas que concomitantemente, não exala uma grande aptidão para o púlpito.
É perfeitamente possível que o Pastor, apesar de pregar e ensinar – tarefas das quais nenhum deve se eximir – possa sim apresentar certa imperícia no ato da proclamação do Evangelho.
Não creio que ser pastor e ser um grande orador sejam habilidades que devam imperiosamente estar relacionadas uma com a outra. Como também não creio que a função da prédica seja uma exclusividade do Pastor. Se ousarmos falar de exclusividade em alguma coisa teremos que, fatalmente, afirmar que o púlpito é uma exclusividade de quem foi chamado(a) para estar lá, assim como no louvor, na intercessão, no trabalho infantil, e outros.
Mas, como bom amante da democracia, prefiro não falar em “exclusividade”.
Por conta disso é que o púlpito não deve jamais ser patenteado por alguém, assim como nenhuma outra parte da igreja. Tudo é de todos. E tudo é do Senhor. Somente este pode dizer quem deve ou não estar em algum lugar.
A verdade é que pode ocorrer – e invariavelmente acontece – de termos na igreja pessoas que tenham uma melhor desenvoltura no púlpito do que o próprio Pastor, homens ou mulheres que conseguem transmitir uma mensagem com maior eficiência, haja vista terem sido chamados para essa função. Fato que não minimiza a importância do ministério pastoral o qual não se resume apenas à pregação, engloba sim muitas outras imprescindíveis tarefas.
Diante disso existe algum dilema? Creio que não.
Na verdade tanto o Pastor como o Ministro(a) "não oficial" devem abraçar algumas posturas.
A postura do primeiro é dar oportunidade para que o ministério de suas ovelhas se desenvolva. A do segundo é entender que dom ou capacidade não está, necessariamente, ligado à autoridade.
Portanto se para o primeiro a palavra é investimento, para o segundo é submissão e respeito.
Estou ciente que muitos não concordam com essa visão. Porém, é assim que penso.

sábado, 26 de março de 2011

"Quando o silêncio cobre o nome"

Havia certa vez um homem
que dizia o nome de Deus.
Quando o coração lhe doía
por uma criança que chorava,
ou um pobre que mendigava,
ele andava até a floresta,
acendia o fogo, entoava canções
e dizia as palavras.
E Deus o ouvia...

O tempo passou.
Voltou a mesma floresta.
Mas não carregava fogo nas mãos.
Só lhe restou cantar as canções
e dizer as palavras.
E Deus o atendeu ainda assim.

Um tempo mais longo se foi.
Sem fogo nas mãos,
sem força nas pernas,
não alcançou a floresta.
Mas do seu quarto
saíram as mesmas canções
e as mesmas palavras.
E Deus lhe disse que sim...

Chegou a velhice.
Nem floresta, nem fogo ou canções...
Restaram as palavras.
E o mesmo milagre, ocorreu.

Por fim
sem fogo ou floresta,
sem canções ou palavras.
Só mesmo o infinito desejo
e o silêncio:
E Deus tudo entendeu...

quinta-feira, 17 de março de 2011

Leituras e releituras

Ontem li o trecho do Evangelho de Marcos que retrata o momento em que Pedro nega a Jesus três vezes. Não me recordo quantas vezes já li e reli essa passagem.
A sensação é sempre a mesma. Intriga-me profundamente o fato de Pedro ter caído sem se dar conta disso. Foi sucumbindo em meio a uma terrível cegueira de si mesmo.
Pedro não se conhecia, não sabia quem na verdade era. Não se apercebia da sua exagerada auto-confiança.
Esta foi determinante para a queda.
Quantos de nós não caímos da mesma forma? Muitos já experimentaram ou estão a experimentar esse "desmoronamento" fiados numa auto-suficiência injustificável. Injustificável porque independente da função ou cargo que ocupemos no corpo - Pastor, Profeta, Mestre, Evangelista, ou qualquer outra posição - nunca deixaremos de ser humanos. Jamais abandonaremos a condição de falíveis.
Não adianta tergiversarmos. O equívoco é-nos possível.
Interessante que o próprio Jesus corrige o iludido Pedro: "Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu!", dizia Pedro. A resposta do Mestre foi enfática: "Ainda hoje, esta noite, antes que o galo cante, três vezes me negarás". Em outras palavras "acorda Pedro, andastes comigo este tempo todo, mas continuas um mero homem", "continuas precisando da minha Graça e do meu Perdão".
Conheço líderes cuja percepção de sua humanidade é bastante falha. Tudo que decidem emana diretamente de Deus, o que os priva - pelo menos assim imaginam - de todo e qualquer equívoco. Todavia assim como chuva de verão os equívocos, mesmo sendo inesperados, acabam aparecendo. É a comprovação de que nem tudo é tão "inspirado" como se apregoa.
O maior ensinamento que extraio desse texto é o de nunca deixar-me ser seduzido pela "síndrome da infalibilidade", fato que muitas vezes se origina da posição que ocupamos ou da responsabilidade que temos no Corpo de Jesus.
Também carrego comigo a seguinte certeza: se, um dia, seduzido for, sei que o meu Senhor poderá me conceder a chance de "cair em si" e "chorar amargamente". Esse é o momento mais glorioso do texto. Esse seria o momento mais glorioso para minha vida.